quinta-feira, 23 de maio de 2019

HEBREUS 6:4-6


HEBREUS 6:4-6

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa Palavra de Deus e as virtudes do século futuro, e [se – KJV] recaíram sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam [para si mesmos – ARA] o Filho de Deus e O expõem ao vitupério”.
Estes versículos são chamados de a “Carta Magna” da negação da eterna segurança do crente. Este é um exemplo de simplesmente não saber a diferença entre um Cristão desviado e um apóstata.
O escritor da epístola estava advertindo os hebreus (pois eram uma classe mista) de que se alguns, que fossem meros professantes da fé Cristã, abandonassem essa confissão e voltassem ao judaísmo (apostatasse), não haveria meios pelos quais pudessem ser renovados ao arrependimento. Eles estariam novamente crucificando para si mesmos o Filho de Deus, e assim seriam condenados para sempre. O “se” condicional nesta passagem é usado para verificar a profissão entre eles e, com esperança, impedir qualquer um que estivesse em perigo de apostatar, para que se voltasse para Cristo de uma maneira real. Há cinco desses avisos na epístola aos Hebreus (Hb 2:1-4, 3:7-4:11, 5:11-6:20, 10:26-31, 12:15-27).
É importante notar que o escritor, ao falar daqueles que estavam naquela horrível categoria, muda os pronomes para distingui-los dos verdadeiros crentes. Ao falar dos verdadeiros crentes nos versículos 1-3, ele usa a primeira pessoa do plural (“nós” e “nos”), mas quando fala daqueles que eram meros professantes nos versículos 4-6, ele usa a terceira pessoa do plural (“os” e “eles”). Depois de falar deles, retorna ao uso das segunda e primeira pessoas do plural (“vós” e “nós”) nos versículos 9-20. Essa mudança de pronomes para distinguir tais pessoas é consistente com a Escritura do Novo Testamento (Compare 1 Ts 4:15–5:11; 2 Pe 2:1–3:2; Jd 3-25, etc.)
Isso significa que ele não está sequer falando dos verdadeiros crentes em Hebreus 6:4-6. Não temos autoridade para dizer que aqueles mencionados nesses versículos são verdadeiros crentes, pois não há uma única expressão usada que chegue à altura do novo nascimento ou salvação. Num olhar descuidado, se uma pessoa não sabe a diferença entre um que retrocede e um apóstata, ela pode honestamente assumir que se refere a alguém que perdeu a sua salvação. No entanto, há cinco coisas nesses versículos que se referem às bênçãos externas e privilégios ligados ao Cristianismo que uma pessoa pode participar, mesmo sem ser salva.
Em primeiro lugar, fala dos “que uma vez já foram iluminados”. Uma pessoa se torna “iluminada” por ouvir a Palavra pregada (Sl 19:7-8). Tendo ouvido o evangelho, essas pessoas aprenderam sobre o caminho da salvação e, portanto, foram iluminadas; mas isso não significa que foram salvas. Isso seria acrescentar à Escritura. Conhecer o caminho da salvação e crer são duas coisas diferentes.
Em segundo lugar, fala dos que “provaram o dom celestial”. Isto se refere à revelação Cristã da verdade (2 Pe 1:1). Estas são as coisas relatadas a nós pelo Espírito Santo enviado do céu (“aqueles que receberam preciosa fé conosco pela justiça de nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” – 2 Pe 1:1 – JND). Note: não diz que eles receberam ou se apropriaram do dom celestial; apenas que eles o “provaram”. Isso é algo superficial, não a recepção real dele. Uma pessoa pode fazer isso ao viver entre Cristãos e ouvir a verdade ministrada. Dizer que alguém que prova o “dom celestial” é salvo está, mais uma vez, indo além da Escritura.
Em terceiro lugar, fala deles como sendo “participantes do Espírito Santo”. Podemos ver como uma pessoa pode pensar que isso está se referindo a alguém que é salvo porque todo Cristão tem a habitação do Espírito (Ef 1:13; At 5:32; Rm 5:5; 1 Ts 4:8). No entanto, um olhar mais cuidadoso mostra que não se trata da plena participação do Espírito Santo a qual os crentes possuem. A palavra meteko na língua original, traduzida aqui como “participantes” refere-se a participar de algo, mas não ter um compartilhamento comum completo na coisa. Quando é um compartilhamento completo em algo, a palavra koinoneo é usada. Essa diferença é ilustrada em Hebreus 2:14. Os “filhos” participam [koinoneo] da mesma natureza caída pecaminosa de Adão. Mas quando fala do Senhor entrando na humanidade (a encarnação), é dito: “também Ele participou [meteko] das mesmas coisas”.  Isto nos diz que quando Ele Se tornou um Homem, Ele não participou na humanidade ao ponto de compartilhar a natureza caída pecaminosa de Adão. Ele foi, e é realmente um Homem – espírito, alma e corpo, mas sem uma natureza caída. Assim, as Escrituras protegem cuidadosamente a humanidade sem pecado de Cristo.
Entendendo o uso desta palavra (meteko), aprendemos que uma pessoa pode participar do Espírito Santo sem ser habitada por Ele. Isso é apoiado pela Escritura em outros lugares. Há um aspecto da presença do Espírito na Terra hoje em que Ele não apenas habita nos crentes, mas em que Ele também habita entre os crentes. Ele “habita convosco e estará em vós” (Jo 14:17). Em Atos 2:1-4, diz que o Espírito “encheu toda a casa onde estavam assentados”, e “todos foram cheios do Espírito Santo”. E novamente em 1 Coríntios 3:16-17, nos é dito que o Espírito de Deus habita no templo – “vós” (plural). Um incrédulo poderia estar no templo misturando-se entre os crentes e, assim, contaminá-lo. Estando entre os Cristãos, onde o Espírito de Deus está trabalhando, uma pessoa participa do Espírito Santo em um sentido exterior. Pode experimentar a luta do Espírito com sua alma. Pode também participar das bênçãos externas do Cristianismo que o Espírito de Deus trouxe a este mundo – a feliz comunhão, o ensino da verdade, etc.
Essa operação externa do Espírito de Deus é vista em Atos 7:51-54. Estevão testificou aos líderes judeus incrédulos no Sinédrio, dizendo: “Vós sempre resistis ao Espírito Santo”. E nos diz que eles “enfureciam-se em seu coração”. O Espírito de Deus estava operando, mas não penetrou no coração – foi um trabalho superficial que foi apenas “para” o coração. Se você comparar isso com Atos 2:37, onde o povo foi salvo, ele diz que “compungiram-se em seu coração”. Isso indica que houve penetração no coração, e o resultado foi que eles foram salvos e receberam a habitação do Espírito. Se ser “participantes do Espírito Santo” estivesse se referindo à habitação do Espírito no crente, a palavra grega koinoneo teria sido usada.
Em quarto lugar, diz que eles “provaram a boa Palavra de Deus”. Novamente, isso não significa que eles receberam ou creram na Palavra de Deus. Compare Atos 2:41, 8:14, 17:11. “Provar” algo é apenas experimentar uma pequena porção, mas não absorver e assimilar o todo. Os incrédulos “provam” a Palavra de Deus quando vêm e escutam a Palavra pregada.
Por último, diz que provaram “as virtudes do século futuro”. Este “século futuro” é o Milênio (Hb 2:5; Mc 10:30; Ef 1:21, etc.) Os poderes de Deus que caracterizarão aquele dia foram vistos nos dias dos apóstolos, quando o reino ainda estava sendo oferecido aos judeus. Havia sinais e milagres sendo demonstrados como uma amostra dos poderes do futuro Milênio (Hb 2:4). Meros professantes podiam se misturar entre os Cristãos daquela época e testemunhar esses poderes em primeira mão, e talvez, até mesmo serem curados de alguma doença. Mas isso não significa que eles eram salvos.
A passagem continua dizendo que, se tais pessoas “recaíram” (apostataram) depois de terem experimentado tais privilégios, seria “impossível” renová-las ao arrependimento. Elas trazem condenação sobre si mesmas da qual não há recuperação! Não há retorno. Aqueles que erroneamente usam essa passagem para ensinar que uma pessoa pode perder sua salvação nem mesmo acreditam nisso! Eles dizem que uma pessoa que perde sua salvação pode ser salva novamente. Tudo isso vem de uma interpretação descuidada e imprecisa da passagem. Não significa nada disso, a menos que a Escritura não signifique o que diz.
Então, nos versículos 7-8, é ilustrado o privilégio de ser exposto às bênçãos Cristãs. Fala de dois tipos de solo e plantas. Um “embebe a chuva” que é despejada sobre ele e, consequentemente, “produz erva proveitosa” para seu dono. O outro só “produz espinhos e abrolhos”, e o fim destes era ser “queimados” (uma figura de juízo). Ambos tiveram o privilégio da chuva caindo sobre eles. Da mesma forma, tanto os verdadeiros crentes quanto os meros professantes estão igualmente expostos às bênçãos celestiais que o Cristianismo trouxe a este mundo. Observe, não há menção de o último embeber. Compare o óbvio contraste entre embeber e provar nesta passagem.
É claro que a passagem está se referindo a meros professantes (misturados entre os verdadeiros crentes) estando em perigo de apostatar. Foi um aviso para eles. Não tem nada a ver com Cristãos.

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