HEBREUS 10:26-29
“Porque,
se [nós]
pecarmos
voluntariamente, depois de termos recebido o conhecimento da verdade, já não
resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma certa expectação horrível de juízo
e ardor de fogo, que há de devorar os adversários. Quebrantando alguém a lei de
Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De
quanto maior castigo, cuidais vós, será julgado merecedor aquele que pisar o
Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi
santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”
Esta
passagem tem sido usada para afirmar que se uma pessoa escolher voluntariamente
se afastar de Cristo, perderá sua salvação.
Como
mencionado anteriormente, os hebreus eram uma companhia mista. Este é um dos
cinco avisos de apostasia na epístola e que não devem ser confundidos com as
exortações aos crentes. Por exemplo, Hebreus 10:19-24, é uma exortação aos
verdadeiros crentes; enquanto Hebreus 10:25-31, é uma advertência contra a
apostasia, na qual meros professantes estavam em perigo de cair. Um verdadeiro
Cristão não “pecará” dessa maneira; não se afastará de Cristo e nem
abandonará a fé Cristã.
Pode
ser perguntado: “Por que ele diz ‘nós’?” Isso porque ele estava se
dirigindo à companhia como um todo – o verdadeiro e o falso juntos. É apropriado
abordá-los como tal. Alguns podem dizer: “Mas você, sendo Cristão, tem pecado
intencionalmente?” É triste dizer que a resposta é “sim”. Mas, fazer tal coisa,
por mais sério que seja, não é o pecado intencional que está sendo mencionado
nesta passagem. O versículo 29 descreve o pecado do versículo 26. É o pecado de
voltar as costas a Cristo e a toda a fé Cristã e abandoná-la, para voltar ao
judaísmo. Um verdadeiro crente não fará isso.
Observe
também que não é dito que essa pessoa tenha recebido a salvação, mas apenas “recebido
o conhecimento da verdade”. Ela adquiriu esse conhecimento por meio
do evangelho. Mas existe uma diferença entre conhecer e crer o
evangelho. Além disso, ele diz que voltar ao sistema legal seria inútil. Pois
sob esse sistema “não resta mais sacrifício pelos pecados”, porque, sob
a lei, não havia sacrifício pelos pecados cometidos “à mãos levantadas [atrevidamente
– ARA]”, mas somente pelos pecados
de ignorância (Nm 15:30-31; Lv. 4:2). Assim, aqueles que estavam dispostos a
retornar ao judaísmo não tinham esconderijo para o seu pecado de rejeitar a
Cristo! Para eles, havia apenas “uma certa expectação horrível de juízo e
ardor de fogo” sob esse sistema.
Nos
versículos seguintes (vs. 28-31) ele mostra que o pecado contra a graça recebe
um castigo muito pior do que o pecado sob a lei. “Quebrantando alguém a lei
de Moisés, morre sem misericórdia”. Poderia haver algo mais
terrível? SIM – pecar contra a graça! Que aviso terrível foi para aqueles que
estavam dispostos a apostatar.
Alguém
poderia dizer: “Mas é dito que ele foi ‘santificado’”. Este é apenas
outro exemplo de como os termos teológicos pré-concebidos e errôneos nos
impedem de entender a verdade. Santificado, na Escritura, nem sempre se refere
a pessoas salvas. Existem pelo menos três aspectos da santificação. Há
santificação absoluta ou posicional, que é o que todos os crentes
são, sendo separados para Deus (1 Co 6:11; 2 Ts 2:13; 1 Pe 1:2).
Depois
há a santificação prática ou progressiva, que é o exercício do
aperfeiçoamento da santidade na vida do crente (Jo 17:17; 1 Ts 4:3-4, 5:23; Ef
5:26). Há também a santificação relativa ou externa, que é ser
colocado externamente em um lugar puro na Terra, associado aos privilégios do
Cristianismo. Tomar o lugar entre os Cristãos é ser santificado externamente
pelo “sangue do [novo] pacto” (Mt 26:28 – AIBB; Hb 13:12). Isso não
se refere a nenhum trabalho vital na alma. Nesse sentido, existe algo como um
incrédulo sendo santificado! Isso pode soar estranho, mas é isso que a
Escritura ensina (1 Co 7:14). Esses professantes que tinham tomado seu lugar
entre os crentes hebreus foram santificados em um sentido exterior, mas é
triste dizer que eles não foram salvos.
Ao
desistir daquele terreno e voltar ao judaísmo, eles estavam efetivamente:
- Pisando o Filho de Deus.
- Considerando o sangue de Cristo como algo profano.
- Desprezando o Espírito da graça.
Esta
é a apostasia, para a qual não há recuperação (Hb 6:4-6).
Nenhum comentário:
Postar um comentário